segunda-feira, 12 de novembro de 2012

SEGURANÇA PÚBLICA EM SÃO PAULO - PAPEL DA MÍDIA E VALORIZAÇÃO DOS POLICIAIS MILITARES

Nesta postagem vou tentar escrever, muito superficialmente pela complexidade do tema, algo sobre os recentes episódios ocorridos em São Paulo na área da segurança pública.
Confesso que não me sinto totalmente à vontade para manifestar-me sobre isso, pois é tema ainda não dominado por aqueles que estão distantes do “teatro de operações” dos acontecimentos (como é o meu caso), porém alguns comentários são possíveis externar sem avançar o sinal do desconhecimento.
Então tomando todo o cuidado para não avançar o sinal, ou seja, somente comentar o que é possível dentro do cenário que inicialmente me referi, vamos ao assunto.
Tenho assistido pela grande mídia nacional que São Paulo está “sob ataque” e que o Estado não tem mais controle da situação e, ainda, que o caos está estabelecido havendo inclusive estatística diária de pessoas mortas, baleadas, etc (até ex-PM e familiares de ex-PM entra na estatística). É a própria mídia criando o “clima” perfeito para pânico da sociedade, inchando as suas manchetes que revestidas de violência e de sangue acabam por angariar mais e mais audiência (leitores no caso da imprensa escrita).
O que ocorre neste caso é que esta mídia acaba por realizar uma analise simplista inclusive se suportando em analises de quem (como eu) não domina totalmente o que está ocorrendo e acaba por difundir e/ou repercutir “meias-verdades”.
Nestas análises nunca levam em conta quando divulgam números de pessoas mortas e/ou baleadas ou ainda Militares da Polícia Militar vitimados que: o Estado de São Paulo possuí mais de 40 milhões de habitantes; somente a “grande São Paulo (região metropolitana da Capital) conta com cerca de 22 milhões de habitantes; a Polícia militar Paulista é uma das maiores instituições policiais do mundo com cerca de 100 mil integrantes (efetivo maior que a esmagadora população das cidades brasileiras); o sistema penitenciário/prisional de São Paulo conta com praticamente a metade do número de encarcerados de todo o Brasil, dentre outros dados que demonstram o gigantismo do problema estabelecido, não só neste momento mas do passado e, por certo, do futuro.
É isso que deve ser levado em consideração, como mencionei, em São Paulo tudo é “gigante” e por consequência todos problemas seja em qual setor for são também de um gigantismo ímpar.
      Como disse inicialmente não pretendo entrar no mérito da questão comentando particularidades até porque não possuo conhecimento pormenorizado da situação, no entanto, gostaria de comentar mais detalhadamente dois aspectos que julgo muito importantes, ou seja:
1-   Papel da mídia; e
2-   Valorização dos policiais militares.
1-   Papel da mídia - Ora, em qualquer nação culta que se preze, pelos exemplos que já verificamos em outros países (onda de violência recente na Inglaterra, na Alemanha, na França para não mencionar outras nações) a mídia limitou-se a informar a sociedade tendo como parâmetro a verdade sem superdimensionamento dos acontecimentos e, principalmente, acreditando no Estado e nas suas instituições de segurança (polícia) transmitido para sociedade a confiança que deveriam ter nos órgãos oficiais, inclusive colaborando (ela mídia) para a resolução dos problemas localizados de desordens detectados. A mídia lá disse a verdade e informou a população sim, não deixou de realizar seu papel, porém com a conotação de colaborar verdadeiramente. A mídia aqui informa também e não poderá jamais deixar de fazê-lo, contudo a conotação é a exploração da desgraça, alimentando de certa forma o medo e pânico entre a sociedade "apostando" que mais desordens ocorram, além de invariavelmente colocar em “xeque” as autoridades, principalmente a polícia, apostando que o Estado é incapaz de resolver o problema. Na verdade atualmente em São Paulo (no restante do Brasil não é diferente) a mídia “torce” para não dar certo pois a máxima de “quanto pior melhor” funciona bem para o seu “negócio”
2-   Valorização dos policiais militares - Neste segundo aspecto me parece que nem a mídia nem o governo tem a intenção de fazer algo diferente em prol dos policiais militares (e demais agentes de segurança do Estado). É inacreditável, justamente aqueles que estão sofrendo mais fortemente as ações de violência além do que eles (os policiais) que terão de resolver o problema através de suas ações preventivas e repressivas, quando for o caso (mesmo que ainda demore algum tempo), são desprestigiados e, pelo menos até agora, não possuem sinalização de que terão mais e melhores condições de trabalho (em que pese a PM de São Paulo estar entre as melhores neste particular) e, principalmente, um salário adequado (adequado mesmo) face as condições a que estão submetidos diuturnamente, traduzindo assim a contrapartida que o Estado e a própria sociedade deve lhes oferecer para que realize suas atividades com maior tranquilidade. Só assim os policiais militares terão a certeza de que todo esforço em prol dessa sociedade realmente vale a “pena”. Isso ninguém comenta
         Tenho a mais absoluta convicção de que se esses dois aspectos acima analisados fossem tratados de forma adequada, sem dúvida alguma, teríamos o problema mais fácil e rapidamente resolvido.
É bem verdade que outras análises poderiam ser realizadas (e devem ser realizadas no futuro), porém como mencionei, falta a quase todos conhecimento do que realmente está lá ocorrendo para que então haja condições reais de discorrer sobre outros aspectos.
O propósito é chamar os leitores do meu blog a reflexão, no sentido de que antes de proferir analises passionais ou precipitadas sobre o tema que atualmente domina a grande mídia nacional, o façamos com conhecimento de causa sem sentir medo ou pânico por osmose levados por essa mídia com propósitos duvidosos.
        Deixo para próximas postagens outros assuntos relacionados ao presente tema como: Interesse da vigilância privada (mercado em crescimento) no pânico das pessoas; interesse político, ou seja, disputa daqui um ano e meio pelo governo paulista; dentre outros.
Um abraço a todos.
MARLON JORGE TEZA

domingo, 28 de outubro de 2012

SEGURANÇA DA COPA - DESRESPEITO COM A POLÍCIA MILITAR

Há um pouco mais de um ano (21 de setembro de 2011) realizei uma postagem neste blog sob o título: “A FIFA e a lei geral da copa de 2014”   (http://marlonteza.blogspot.com.br/2011/09/fifa-e-lei-geral-da-copa-de-2014.html). Naquela oportunidade realizei alguns comentários a respeito de alguns absurdos referente as concessões que estariam sendo levadas a efeito em favor da “poderosa” FIFA e que levariam prejuízo ao Brasil e sua população.
         Agora, nesta semana, fui novamente surpreendido por matéria divulgada pela mídia nacional intitulada: “Seguranças da Copa farão curso contra racismo e hooligans” (http://www.jb.com.br/esportes/noticias/2012/10/25/segurancas-da-copa-farao-curso-contra-racismo-e-hooligans/). A matéria, se verdadeira e analisada com a devida atenção, deixa indignado qualquer policial militar e até mesmo o cidadão brasileiro consciente.
         A notícia divulgada no último dia 25 de outubro de 2012 inicialmente afirma que: “A Copa do Mundo de 2014 contará com seguranças privados para o trabalho dentro dos estádios, enquanto policiais convencionais manterão o controle da situação no entorno das arenas”.  Vejam que a pretensão é colocar seguranças privados no interior dos estádios de futebol para realizar a preservação da ordem pública, uma atividade da polícia pública que por força do §5° do Art. 144 da Constituição Federal é da Polícia Militar enquanto polícia ostensiva, e mais, a respeito ainda temos a Lei Federal n° 10.671 – Estatuto do Torcedor, a qual no inciso I do Art. 14, deixa claro que agentes públicos devem estar presentes nos eventos desportivos no sentido de prover segurança. Notem a lei é clara os agentes deverão ser “públicos” e não “privados”. (LEI No 10.671, DE 15 DE MAIO DE 2003).
Merece também crítica veemente em relação ao que a notícia também evidencia, chamando os policiais públicos (neste caso os policiais militares) de “policiais convencionais” em “tom”, mais uma vez, de menosprezo, desmerecimento e deboche a aqueles que secularmente vem, com muita dificuldade e esforço, realizando a árdua tarefa de preservar a ordem em eventos esportivos tanto de nível nacional como internacional.
Ainda em relação a isso nos parece que mais uma vez esses oportunistas que se julgam “especialista em segurança”, sempre querem deixar evidente que essa falsa segurança privada (que aliás custa muito dinheiro que engorda o bolso de muitos - quem será que está por de trás disso?), defendida por eles, deve ficar com o dito popularmente: “filet mignon” (fácil de comer e cobiçada por todos) enquanto a Polícia Militar deve sempre ficar com a: “carne de pescoço” (indesejada e pouco apreciada), como aliás sempre ocorre nestas situações. Assim fica difícil, muito difícil entender essa posição.
Na dita Lei Geral da Copa, aprovada pela LEI Nº 12.663, DE 5 DE JUNHO DE 2012, apesar de conter vários absurdos em relação a concessões para a FIFA, nada há quanto a segurança nos eventos, até porque para isso deveria haver sim uma alteração constitucional.
A notícia segue mencionado, como se fosse algo espetacular que: “Para fazer esta função, os agentes particulares passarão por um curso de 50 horas (no mínimo cinco dias) para poderem se especializar em lidar com situações adversas, como racismo, hooligans e homofobia”. Observem a afirmação de que tais agentes privados passarão por curso de 50 horas. Essa afirmação é mais um absurdo pois pretende que um “agente privado” com 5 dias de curso fique em condições de atuarem nesses eventos, parece até piada de mau gosto.
Neste aspecto, repito se for verdadeira tal intenção de colocar agentes privados para realizarem segurança no interior dos estádios, além de totalmente contrário a lei, estão desmerecendo a Polícia Militar que além de ser a Instituição com competência legal para realizar tal tarefa é aquela que detém a maior experiência e treinamento (há mais de cem anos) nesta atividade em todo o território nacional.
         O que se espera é que não seja verdadeira ou que tenha sido colocada de forma errônea esta infeliz notícia.
Caso a notícia seja revestida de veracidade as Polícias Militares não podem e não devem aceitar esta flagrante demonstração de desprestígio a Polícia Militar brasileira que há mais de um século presta serviços relevantes a democracia e a sociedade brasileira, sendo muitas vezes a única instituição posta para o socorro do cidadão, independente de horário, dia da semana ou condição financeira deste. Será que a Polícia Militar e seus integrantes merecem tal desprestígio.
Finalmente, caso a referida notícia tenha “ares” de verdade esperamos, do fundo do coração, que o Senhores Comandantes-Gerais das Polícias Militares reajam no sentido de restabelecer o prestígio que essas instituições merecem e conquistaram junto a sociedade.
Exigimos respeito a lei e a Policia Militar.

MARLON JORGE TEZA

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SEGURANÇA PÚBLICA NA EUROPA E NO BRASIL

Recentemente viajei para a Europa visitando quatro países (Portugal-Espanha-França-Itália), o propósito principal foi o lazer, como aliás faz a maioria das pessoas, em especial os brasileiros devido a situação econômica privilegiada que atravessa nosso país em relação aos europeus.
Mesmo a viagem destinada precipuamente ao lazer, devido o meu envolvimento de uma vida inteira com a segurança pública (polícia), não há como não observar atentamente tais assuntos, os quais lá como cá são de extrema importância para a vida em sociedade.
Nas mencionadas observações foi notar que lá também existem problemas no setor, no entanto foi fácil notar também que há muito mais sensação de segurança, demonstrando consequentemente que geralmente estamos seguros.
O que se nota com facilidade observando os ambientes públicos urbanos e conversando com as pessoas, que a cultura é, em regra, de obediência e respeito aos agentes públicos das forças de segurança (polícia) e não o questionamento constante e a afronta as atitudes destes agentes. Há uma consciência que estes agentes públicos, os policiais, estão aí para lhes orientar e lhes proteger e muito raramente há o questionamento de suas ações mesmo que essas recaiam contra si, pois isso faz parte da cultura do povo aceita-las.
Verifica-se que em algumas ações os policiais são severos, usam armamento dito “pesado” no meio urbano com preocupação extremas com atos terroristas, contudo isso tudo é aceito pela população, e mais, as pessoas transparecem aceitar tais procedimentos policiais (alguns procedimentos até violentos em alguns casos) pois tem a consciência que é para o seu bem e que essa é a missão do policial.
Quanto à polícia, facilmente se nota que há varias forças policiais atuando inclusive no mesmo território e realizando funções similares concorrentemente. Em alguns países fica a critério do cidadão qual polícia ele deseja que lhe atenda, bastando escolher o número telefone a chamar para o atendimento. Nesse particular não observei reclamação do cidadão, ou clamor por unificação ou coisa que o valha, ao contrário. (exemplo: na Itália para chamar os Carabinieri – militar, fone 112 e para chamar a Polizia di Stado - civil fone 113).
Por outro lado o que se observa é que os policiais, independente da força a que pertençam, são rigorosamente bem uniformizados e equipados, suas viaturas são as mais modernas e possantes que existem no mercado (de invejar qualquer cidadão brasileiro), seus locais de trabalho bem localizados e a altura para bem atender o cidadão. Em suma aos agentes policiais são destinados pelo poder público uma condição de trabalho condizente e a altura deles proporcionando-lhes condições para executarem um serviço de qualidade à sociedade onde estão inseridos.
Nesta minha terceira vigem à Europa pude mais de perto confirmar muitas coisas que os noticiários e a literatura policial mundial já havia me revelado. Pude com muito mais propriedade confirmar existência no cotidiano da verdade reveladora daqueles princípios de Robert Peel (já amplamente mencionados em postagens anteriores deste meu blog) em especial alguns deles:
n  A polícia necessita realizar segurança com desejo e cooperação da comunidade, na observância da lei, para ser capaz de realizar seu trabalho com confiança e respeito do público;
n  O nível de cooperação do público para desenvolver a segurança pode contribuir na diminuição proporcional do uso da força;
n  Uso da força pela polícia é necessário para manutenção da segurança, devendo agir em obediência à lei, para a restauração da ordem, e só usa-la quando a persuasão, conselho e advertência forem insuficientes;
n  A polícia visa a preservação da ordem pública em benefício do bem comum, fornecendo informações à opinião pública e demonstrando ser imparcial no cumprimento da lei;
n  A Polícia deve esforçar-se para manter constantemente com o povo, um relacionamento que dê realidade à tradição de que a polícia é o povo e o povo é a polícia”.
Esta harmonia entre o povo com sua cultura de colaborar e respeitar a polícia é facilmente notado em várias circunstancias e isso, com certeza, é fator primordial do sucesso da atividade policial por lá.
Aqui no Brasil, muito embora tenhamos instituições policiais com problemas sérios internamente, o que geralmente se vê em muitos Estados é uma cultura popular é de afrontamento de parte significativa da população em relação a polícia e suas atividades junto a sociedade através do não acatamento das orientações emanadas por esses profissionais. Observa-se também e muitos casos aqui em nosso país o “desdém” do poder público com suas forças de segurança (polícia) não destinando condições de trabalho, logística e salários dignos a esses profissionais, inclusive, para piorar, fomentando debates inconsequentes em que nada contribuem para a melhoria do panorama como: a unificação das polícias ou a desmilitarização dela; criando com isso um “pano de fundo” evitando atacar o real problema aqui existente que é melhores condições de trabalho, mais investimentos e melhores salários.
Por lá o povo as leis o poder público “conspira” para que tudo funcione, por aqui ao contrário nos parece que há uma “conspiração” para não funcionar.
Meu propósito nesta postagem é, mais uma vez, trazer o tema a tona visando proporcionar uma reflexão ao leitor, comparando as situações daqui e de lá para, quem sabe, sensibilizar as pessoas e aqueles do poder público, em todos os níveis, que tem o poder de mudar a atual situação da segurança pública para que “arregrassem as mangas” e mudem a atual situação.
         Um abraço a todos e até a próxima.
MARLON JORGE TEZA

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

AUDIÊNCIA PÚBLICA - DESMILITARIZAÇÃO

Um tema que constantemente faz parte do rol de debates sobre segurança pública no Brasil é a desmilitarização da Polícia Militar, sim no Brasil, já que em vários outros países desenvolvidos onde a polícia é militar isso não ocorre.
Nesse sentido na última sexta-feira, dia 03 de agosto, participei, após ser convidado  como painelista, de audiência pública do CONASP – Conselho de Segurança Pública no Ministério da Justiça juntamente com  personagens já muito conhecidos, tendo a seguinte programação:
MANHÃ
TARDE
1)           Professor Luiz Eduardo Soares
(Sociólogo, ex-secretário nacional de segurança pública, ex-secretário estadual de segurança pública Rio de Janeiro)
2) Benedito Mariano: (Sociólogo, Professor, Secretário Municipal de Segurança Pública em São Bernardo do Campo – SP, Presidente do Conselho Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Segurança)

1) Marcos Flávio Rolim (Sociólogo, Jornalista, especialista em Segurança Pública)
2)   Coronel PM Marlon (Representante da Federação Nacional dos Oficiais Militares Estaduais – FENEME)
3)  Coronel Eumar Novacki (PEC 102/11). Altera o Art. 144 da CF,



Pois bem, percebi durante a referida audiência (após inclusive a manifestação do público presente), que o conhecimento das pessoas sobre o tema, na verdade, é muito pequeno e limitado justamente porque geralmente repercutem o que “ouviram dizer” de outros, inclusive dos ditos especialistas, que na maioria das vezes sem possuir o domínio completo do tema acabam por influenciar as pessoas menos avisadas. Essas pessoas acabam concordando com estes (os especialista) sem realizar um estudo mais profundo e juntam-se a eles para afirmar que o modelo de polícia brasileiro dever assim ou “assado”.
Na ocasião minha manifestação foi no sentido de construir uma linha lógica do histórico das Polícias Militares brasileiras, além de desconstruir algumas “meias-verdades” que são eloquentemente ditas, porém não comprovadas.
Inicialmente realizei uma rápida busca na história para provar que a Polícia Militar é mais que secular. Disse que a Polícia Militar foi a única instituição policial no Brasil por mais de um século, que participou de todos os fatos históricos do país e que sempre evoluiu com a nação adaptando-se desde o império a república velha, ao estado novo, as ditaduras e a democracia atual descrita na Constituição dita Cidadã de 1988. Relembrei a todos que a conhecida comissão Afonso Arinos (de notáves), encarregada de elaborar o anteprojeto da nova Constituição Federal simplesmente havia quase que extinguido a Polícia Militar, deixando-a com quase nenhuma missão e completamente desprestigiada, porém quando os debates foram para a esfera da constituinte, estes após imensas discussões, audiências públicas e outras atividades a situação mudou. Na ocasião os constituintes chegaram a conclusão que a Polícia Militar era imprescindível para o cotidiano do brasileiro e que, portanto, teria que sobreviver e, inclusive, que sua missão deveria ser ampliada, ficando o texto Constitucional como está referente essa Instituição.
Mencionei ainda que a Polícia Militar é constantemente atacada e que perde muito tempo tentando provar que merece reconhecimento, e ainda, que quando mais atacada mais se reafirma como instituição imprescindível para a vida em sociedade.
      Para aqueles que conhecem do tema pela “metade” relembrei a missão Constitucional da Polícia Militar: Polícia Ostensiva e Preservação da Ordem Pública. Notei, porém, que alguns desses “especialistas” não conseguem diferenciar Polícia Ostensiva de Policiamento Ostensivo, nem mesmo conhecem a real amplitude da Preservação da Ordem Pública, e ainda assim atrevem-se a discutir “modelo” de polícia ideal.
Disse-lhes o que é ser militar: A “condição militar”, internacionalmente reconhecida, em países desenvolvidos ou não, submete o profissional a exigências muito peculiares, que não são impostas, na sua totalidade, a nenhum outro agente púbico. Dentre essas exigências vale lembrar: risco de vida permanente; • sujeição a preceitos rígidos de disciplina e hierarquia; • dedicação exclusiva; • disponibilidade permanente; • mobilidade geográfica; • vigor físico; • restrições de participar de atividades políticas; • proibição de sindicalizar-se e de participação em greves;• algumas restrições a direitos sociais; • vínculo com a profissão mesmo na inatividade; • sujeição a regulamentos disciplinares e códigos penais militares. Pelas colocações dos presentes percebi, mais uma vez, que poucos sabem ao certo o que é isso.
Na sequencia rebati algumas falácias de cunho ideológico ou revanchista resultante do período do dito governo militar que são proferidas sem qualquer base histórica nacional ou internacional.
          Dentre a essas falácias discorri sobre:
          QUE AS PPMM SÃO FRUTO DA DITADURA MILITAR – A Polícia Militar é mais que sesquicentenária e foi por muito tempo a única instituição policial brasileira. Foi sim reorganizada e 1969 pelo Decreto-Lei Federal 667/69, porém não criada nesta data. Ela foi usada no período de exceção como mão de obra do regime, obedecia quem mandava na época, o que é natural, não tendo contudo um torturador PM conhecido nacionalmente. Nesse sentido aproveitei a ocasião para perguntar aos presentes se os DOPS eram da PM, ou ainda, se FLEURY ERA PM? (foi um policial civil – Delegado - que atuou como delegado do DOPS de São Paulo, durante a ditadura militar no Brasil. Ficou notoriamente conhecido por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime - Ditadura Militar de 1964. Sofreu diversas acusações formais pelo Ministério Público pela contumácia na prática de tortura e homicídios contra os opositores do Golpe Militar orquestrado pelos militares em 1964), não obtive resposta.
          QUE POLÍCIA MILITAR SÓ EXISTE NO BRASIL.
Expliquei que no mundo existem basicamente dois tipo de polícia:
ANGLO-SAXÃO (INVESTIDURA CIVIL – MILITARIZADA) e
GENDARME OU LATINO (INVESTIDURA MILITAR).
                   Citei então como funciona em Portugal quem possui a PSP-Polícia de Segurança Pública que é civil uniformizada, a GNR-Guarda Nacional Republicana que é militar e ainda a PJ- Polícia Judiciária civil e totalmente descaracterizada; na Espanha que possui a Guarda Civil que é Militar e o Corpo Nacional de Polícia que é civil uniformizado; na França que possui a Gendarmeria Nacional que é militar e a Polícia Nacional que é civil uniformizada; na Itália que possui os Carabineiros que é militar, a Guarda de Finanças que é militar e a Polícia de Estado que é civil uniformizada. No Chile que possui somente os Carabineiros que é militar dentre outras, demonstrando com isso não ser verdadeira essa afirmação.
                   QUE A FORMAÇÃO DO PM É MILITAR E DEFICITÁRIA PARA A ATIVIDADE POLÍCIAL.
                   Dei exemplos de que isso não é verdade, explicando como funciona  a formação da Polícia Militar em Santa Catarina:
      CURRÍCULO-SC SOLDADO: 1440 H/A – 8 MESES- CURSO SUPERIOR.
      SARGENTO + 1188 H/A – 8 MESES
      OFICIAIS + 2790 H/A – 2 ANOS CURSO SUPERIOR DE DIREITO.
      CURSO SUPERIOR OU MÉDIO EM TODO O BRASIL
      CARGA HORÁRIA MAIOR QUE AS OUTRAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS;
      DIREITOS HUMANOS, FILOSOFIA DE POLÍCIA COMUNITÁRIA E MEDIAÇÃO DE CONFLITOS COMO PRINCÍPIO.
          Fiz na sequencia algumas perguntas que não foram respondidas nem referenciadas pelos presentes, dentre elas (não desmerecendo as categorias referenciadas, apenas utilizando os exemplos):
      QUANTOS MESES PARA SER DELEGADO DE POLÍCIA?
      QUANTOS MESES PARA SER AGENTE DE  POLÍCIA?
      QUANTOS MESES PARA SER PROMOTOR?
      QUANTOS MESES PARA SER JUIZ?

                   QUE AS POLÍCIAS MILITARES NÃO RESPEITAM OS DIREITOS HUMANOS
                   Discorri sobre o seguinte na ocasião:
      TODOS OS CURSOS DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTE INCLUEM A MATÉRIA DIREITOS HUMANOS;
      TODOS OS CASOS DE VIOLAÇÃO SÃO APURADOS E AINDA HÁ A POLÍCIA CIVIL, O MINISTÉRIO PÚBLICO E O PODER JUDICIÁRIO PARA RESPONSABILIZAR;
      OS ATENDIMENTOS POLÍCIAIS DIÁRIOS SÃO MILHARES – MAIORIA ATENDIMENTOS SOCIAIS;
                   Também na oportunidade realizei mais algumas perguntas que ficaram igualmente sem respostas:
      ALGUMAS PERGUNTAS:
      QUEM APURA, DENUNCIA E JULGA QUANDO UM PROMOTOR VIOLA OS DIREITOS HUMANOS?
      QUEM APURA, DENUNCIA E JULGA QUANDO UM JUIZ VIOLA OS DIREITOS HUMANOS?

QUE AS POLÍCIAS MILITARES TEM REGULAMENTO DISCIPLINAR MUITO FORTE E OBSOLETO.
A esse respeito comentei sobre as seguintes afirmações:
      MUITOS REGULAMENTOS JÁ FORAM REVISADOS -  SEM PENAS  ADMINISTRATIVAS DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE COM O QUE CONCORDAMOS;
      TODAS AS FORÇA POLICIAIS CIVIS, MILITARES OU MILITARIZADAS POSSUEM REGULAMENTOS DISPLINANARES FORTES;
      EXEMPLOS: PORTUGAL, FRANÇA, ARGENTINA, ESTADOS UNIDOS, ETC.
       REGIME DISCIPLINAR, HIERARQUIA E DISCIPLINA EXISTE EM TODA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, E ATÉ NOS ÓRGÃOS COM INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL NA CONSTITUIÇÃO (MP E MAGISTRATURA)
              Ainda sobre esse assunto, já que os os painelistas presentes  questionaram os regulamentos da Polícia Militar, fiz questão de mostrar alguns aspectos do regulamento disciplinar de uma polícia europeia de investidura civil, PSP – Polícia de Segurança Pública de Portugal como segue:
PSP – PENAS DISCIPLINARES: Penas disciplinares
 1 - As penas aplicáveis aos funcionários e agentes com funções policiais que cometerem
infracções disciplinares são:
a) Repreensão verbal;
b) Repreensão escrita;
c) Multa até 30 dias;
d) Suspensão de 20 a 120 dias;
e) Suspensão de 121 a 240 dias;
f) Aposentação compulsiva;
g) Demissão

      Dever de aprumo
       1 - O dever de aprumo consiste em assumir, no serviço e fora dele, princípios, normas, atitudes e comportamentos que exprimam, reflictam e reforcem a dignidade da função policial e o prestígio da  corporação.
       2 - No cumprimento do dever de aprumo deverão os funcionários e agentes da PSP:
      a) Cuidar da sua boa apresentação pessoal e apresentar-se devidamente uniformizados e equipados, sempre que necessário;
      b) Manter em formatura uma atitude firme e correcta;
      c) Tratar da limpeza e conservação dos artigos de fardamento, armamento, equipamento ou qualquer outro material que lhes tenha sido distribuído ou esteja a seu cargo;
      d) Não actuar, quando uniformizados em quaisquer espectáculos públicos sem autorização superior, nem assistir a eles, sempre que isso possa afectar a sua dignidade pessoal ou funcional;
      e) Não criar situações de dependência incompatíveis com a liberdade, imparcialidade, isenção e objectividade do desempenho do cargo, nomeadamente através da contracção de dívidas ou da assunção de compromissos que não possam normalmente satisfazer;
      f) Não praticar, no serviço ou fora dele, acções contrárias à ética, à deontologia funcional, ao brio ou ao decoro da corporação;
      g) Evitar actos ou comportamentos que possam prejudicar o vigor e a aptidão física ou intelectual, nomeadamente o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, bem como o consumo de quaisquer outras substâncias nocivas à saúde;
      h) Cultivar a boa convivência, a solidariedade e a  camaradagem entre os funcionários e agentes da corporação;
      i) Não frequentar em serviço casas de jogo ou estabelecimentos congéneres nem ingerir bebidas alcoólicas;
      j) Não conviver, acompanhar ou travar relações de familiaridade com indivíduos que, pelos seus antecedentes policiais ou criminais, estejam sujeitos a vigilância policial;
      k) Não alterar o plano de uniforme e não usar distintivos que não pertençam à sua graduação nem insígnias ou condecorações não superiormente autorizadas;
      l) Não utilizar a sua condição de agente policial para quaisquer fins publicitários;
      m) Não praticar em serviço qualquer acção ou omissão que possa constituir ilícito criminal, contravencional ou contra-ordenacional.
(tudo conforme o documento original)

          QUE OS GRUPOS DE EXTERMÍNIO SÃO DA POLÍCIA MILITAR
Nesse momento foi realizado uma avaliação sobre esse particular, informando que esses grupos na realidade possuem integrantes de várias origens tais como: Policiais Militares, Policiais Civis, Bombeiros Militares, ex-Policiais, Ag Penitenciários, Civis, Guardas Municipais e muitos, conforme a região do país, e que esses geralmente estão a serviço de comerciantes e membros da sociedade que pagam para se verem “livres” de pessoas que contrariam seus interesses.

          CONFUSÃO ENTRE IDEOLOGIA MILITAR E INVESTIDURA MILITAR DE UMA INSTITUIÇÃO
          Esclareci aos presentes que há uma confusão muito grande entre ideologia militar e a investidura militar de uma instituição. Uma instituição pode muito bem ter investidura militar e atuar em várias áreas, tal como ocorre com os militares controladores de voo, os militares bombeiros, dentre outros.
          RAZÕES E CARACTERÍSTICAS DA INVESTIDURA MILITAR PARA ATIVIDADE DE POLÍCIA.
          Na verdade a minha intenção abordando esse particular, foi deixar claro que quando se trata de administrar, mesmo na segurança pública, uma instituição com grandes efetivos armados e com missão complexa, não há como não se valer das razões e características abaixo elencadas para bem conduzir suas atividades. Foi comentado, inclusive, que mesmo os órgãos não uniformizados e civis de polícia se valem disso para conduzir seus grandes efetivos em formação nas  seus respectivos centros de formação quando entram em forma e fazem alguns movimentos de ordem unida, quando usam nesta fase da formação uniformes, etc. Isso demonstra que mesmo os órgãos policiais civis usam técnicas, táticas e princípios militares em seus treinamentos e suas ações. É assim no mundo todo, basta observarmos as polícias americanas de todos os níveis (Cidade, Condado, Estado, União) e ainda a famosa polícia Inglesa, a Scotland Yard que são civis mas com uniforme, regulamento ordem unida, graduações e postos militares dentre outros).
      Estruturais: permitindo as subdivisões necessárias à organização de grandes efetivos armados, hierarquizadas de forma a propiciar estabilidade interna e eficiência nas ações policiais;
      Morais: traduzidas numa disciplina rígida, onde impere o senso do exato cumprimento do dever, expresso em lei;
      Estéticas: destacando-se o uso do uniforme e a correção nos gestos e atitudes e todo cerimonial militar;
      Funcionais: com o uso da ordem unida e outras técnicas militares indispensáveis ao emprego do grupo em situações críticas, além do manuseio de armas e equipamentos.

          ATUAÇÃO POLICIAL QUESTIONADA NO MUNDO – RECENTES
         Sobre recentes ações da Polícia Militar questionadas pela mídia (as quais devem ser apuradas na exaustão com a responsabilização de quem de direito) foi por mim dito que tais ocorrem em todo o mundo, seja a instituição policial que for, citando os exemplos abaixo:
      INGLATERRA:
CASO JEAN CHARLES DE MENESES
      AUSTRÁLIA:
CASO ROBERTO  LAUDISIO CURTI 
AMBAS POLÍCIAS DE INVESTIDURA CIVIL

          ALGUMAS VERDADES
          Ao final de minha participação na audiência pública manifestei-me dizendo, segundo meu entendimento, algumas verdades para que todos refletissem já que o objetivo do encontro, na verdade, era colocar questionamentos sobre a Instituição Polícia Militar, diante disso disse-lhes:
      AS POLÍCIAS NO BRASIL NÃO TÊM O CICLO COMPLETO DA AÇÃO POLICIAL O QUE DEVE SER REVISTO URGENTEMENTE     
      QUE A REPRESSÃO EXCESSIVA DA PM – É EXIGÊNCIA DA MÍDIA, POLÍTICOS E SOCIDADE QUE DESEJAM RESULTADOS IMEDIATOS – SE NÃO PRENDER NÃO VALEU;
      A POLÍCIA MILITAR DEMOCRATIZOU E MUDOU, MAS CARREGA O PESO DO GOVERNO DITO MILITAR;
      NOME INSTITUICIONAL: POLÍCIA MILITAR DEVE SER MUDADO;
      A IMPUNIDADE E A CORRUPÇÃO EXISTEM (MAIOR OU MENOR) EM TODOS OS NÍVEIS DA SOCIEDADE;
      O ESTADO E A SOCIEDADE DEVE PROPORCIONAR REMUNERAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO DIGNOS AOS POLICIAIS MILITARES;
      DEVE SER REVISTO O PRECÁRIO ORÇAMENTO PARA SEGURANÇA PÚBLICA;
      O GRANDE PROBLEMA ATUAL NÃO É A EXISTÊNCIA DE DUAS POLÍCIAS E SIM POLÍCIAS PELA METADE.

Ao final houve debates com a plateia o que na verdade reflete o pensamento da sociedade, ou seja, há carência de esclarecimentos sobre o tema. Muitos conhecem muito e outros muito pouco. O que traz preocupação é que essas pessoas não muito esclarecidas podem decidir e mudar o que está ainda funcionando.
O tema desmilitarização da polícia ainda é pouco conhecido e a massa da sociedade é muitas vezes levada por informações desencontradas e sem consistência e aí é que “mora o perigo”, ou seja, o perigo da decisão errada utilizando informações erradas.
A minha intenção repassando um relato de como ocorreu a audiência pública (a minha participação na mesma) é esclarecer e trazer a reflexão de todos, como já mencionei, tema tão importante pois as mudanças que alguns propõe pode piorar ainda mais o que já não anda bem.
A pergunta que fica: Desmilitarizar para que?    O que mudará?
Concluo dizendo: o Caminho é longo e precisamos discutir e conhecer mais para tomar a decisão correto, nesse sentido só me resta parabenizar o CONASP pela iniciativa.
     Mais um detalhe: aos críticos pela crítica alerto que se desejarem utilizem este espaço para realizá-las se identificando e debatendo o bom debate, sem ofensas, por favor.
     Um grande abraço a todos e até a próxima
     MARLON JORGE TEZA