No
início deste mês de novembro encontrava-me nos Estados Unidos, mais
precisamente em Miami no Estado da Flórida quando em um restaurante, (ao
meio-dia) observei que uma pequena multidão se aglomerava defronte a um
aparelho de televisão. Tal fato chamou–me atenção e passei acompanhar o que
estava ocorrendo, percebendo que se tratava do acompanhamento pela reportagem
de uma “perseguição” policial a um delinquente que se encontrava em fuga após
roubar um veículo.
Tal
“perseguição”, narrada com muita calma por locutor que se limitava a falar
sobre as imagens transmitidas por um helicóptero em tempo real. A ação durou
cerca de 40 minutos, sendo todos os “lances” acompanhados atentamente pela
mencionada “plateia” composta por
pessoas de todas as idades o que ocorreu durante todo o desenrolar da
reportagem. Até pela minha condição e ligação com os temas policiais, permaneci
observando atentamente o que ocorria tanto através das imagens transmitidas
pela televisão, quanto no ambiente em que me encontrava, justamente para poder
analisar todo o cenário e após poder tirar algumas conclusões, já que o assunto
me interessava por motivos óbvios (minha ligação com a atividade policial).
Pois
bem, diante do que presenciei, então, gostaria de mencionar o seguinte:
1-
A plateia do restaurante que assistindo
a ação policial estava visível e ostensivamente “torcendo” pela polícia (não
pelo meliante) e pelo sucesso de sua ação, criticando o autor do delito que insistia
em não se render, embora houvesse uma imensa quantidade de policiais motorizados
o perseguindo;
2-
Na ação havia policiais de várias
instituições policiais distintas (várias polícias) face às cores de suas
viaturas e dos uniformes que envergavam (quando era possível ver), porém
parecia que todos, de certa forma, agiam da mesma forma seguindo o mesmo
protocolo (mesma doutrina policial);
3-
Não houve qualquer utilização de arma de
fogo pelos policiais que participavam da ação, os quais, repito, limitavam-se a
seguir o fugitivo;
4-
Como a ação ocorria principalmente em
estradas de trânsito rápido (embora em área urbana) notava-se que a preocupação
maior dos policiais era orientar os motoristas para que saíssem da rodovia,
deixando-a livre evitando que alguém se envolvesse em acidente e/ou na ação
policial;
5-
O apresentador/narrador da televisão
limitava-se a dar informação com calma e sem emitir opiniões e/ou realizar
prognósticos precipitados do que ocorreria;
6-
O fugitivo a certa altura tentou ultrapassar
uma divisão central da rodovia estourando o pneu do veículo em fuga tendo que
parar, momento em que os policiais cercaram o mesmo desembarcando e retirando o
meliante do carro, algemando-o e colocando em uma viatura, deixando
imediatamente do local;
7-
No local permaneceram poucos policiais e
em poucos minutos mais um caminhão do tipo guincho chegou retirando o veículo
envolvido do local;
8-
Quando a ação se encerrou com a captura
do fugitivo a plateia ostensivamente aplaudiu a ação, elogiando a atuação da
polícia;
9-
Não demorou mais que 10 minutos e um
policial uniformizado (com insígnia nos ombros (uma águia – Coronel para os
Americanos) da “State Tropper” –
Polícia Estadual da Flórida - cercado por vários policiais de instituições
distintas (o uniforme demonstrava isso) concedeu um coletiva repassando todo o
ocorrido, mencionando que havia ocorrido um roubo de uma caminhonete por um
jovem de 16 anos e que o mesmo já havia sido encaminhado para um “reformatório”
pela sua condição de menor de idade. Também mencionou que participaram da ação
policial várias polícias locais da região, pelos policiais do gabinete do “Sheriff”
do condado e pela Polícia do Estado conforme já mencionado;
10-
Notei que nenhum político ou autoridade
estranha à polícia apareceu ou manifestou-se publicamente sobre o ocorrido,
isso ficou à cargo somente de chefes policiais;
11-
Notei que diante daquela rápida
coletiva, pois após sua fala retirou-se do local sem responder perguntas, todos:
repórteres, plateia, etc, estavam satisfeito e a aglomeração frente à televisão
foi desfeita e todos voltarem imediatamente às suas rotinas.
Fiz questão de realizar
a narrativa acima para demonstrar quanto a cultura de um povo pode influenciar
positivamente uma ação policial.
Respeito todos aqueles que criticam os “imperialistas”
americanos, porém temos é que retirar os ensinamentos necessários visando um
dia, quem sabe, “chegar lá”.
Nesta oportunidade gostaria
de lançar a reflexão de todos: SE UMA AÇÃO DESTAS OCORRESSE NO BRASIL (aliás,
ocorre quase todos os momentos basta assistirmos os “programinhas” de alguns
canis dos finais de tarde) como seria a ação da polícia, da mídia, das
autoridades e da plateia. Será que seria parecido com o que presenciei e narrei.
REFLITAM.
Para finalizar não
poderia deixar de mencionar o que assisti nesta data também na televisão (já no
Brasil) quanto a fala do presidente da França François Hollande sobre a ação policial, também ocorrida nesta
madrugada no sentido de capturar terroristas ligados aos atentados ocorridos em
Paris no último dia 13 de novembro de 2015, onde resultou na morte de alguns
destes terroristas, prisão de outros e ferimento em vários membros das forças
de segurança, disse ele como primeira manifestação: Gostaria de homenagear, agradecer e ressaltar a
eficácia e o heroísmo da polícia, chamando aos franceses a colaborar com as forças
de segurança que é a garantidora da segurança dos cidadãos. Disse também que
cada vez mais o Governo Francês irá ainda mais valorizar e investir nas forças de
segurança do País composta pela Polícia Nacional (civil uniformizada) e na
Gendarmeria Nacional (militar). A pergunta que fica: Se algo similar ocorresse
por aqui qual seria o procedimento de nossos governantes? Outra reflexão.
MARLON JORGE TEZA